ellauri090.html on line 98: Entre os críticos e o público, destacam-se Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro. A crítica considera que suas melhores obras são as da Trilogia Realista.
ellauri090.html on line 143: —Não ha exterminado. Desapparece o phenomeno; a substancia é a mesma. Nunca viste ferver agua? Hasde lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de continuo, e tudo fica na mesma agua. Os individuos são essas bolhas transitorias.
ellauri090.html on line 154: Ouça, ignaro. Sou Santo Agostinho; descobri isto ante-hontem; ouça e cale-se. Tudo coincide nas nossas vidas. O santo e eu passámos uma parte do tempo nos deleites e na heresia, porque eu considero heresia tudo o que não é a minha doutrina de Humanitas; ambos furtámos, elle, em pequeno, umas peras de Carthago, eu, já rapaz, um relogio do meu amigo Braz Cubas. Nossas mães eram religiosas e castas. Emfim, elle pensava, como eu, que tudo que existe é bom, e assim o demonstra no cap. XVI, livro VII das Confissões, com a differença que para elle, o mal é um desvio da vontade, illusão propria de um seculo atrazado, concessão ao erro, pois que o mal nem mesmo existe, e só a primeira affirmação é verdadeira; todas as cousas são boas, omnia bona, e adeus.
ellauri090.html on line 198: Seu Quincas Borba apresenta um conceito onde "a ascensão de um se faz a partir da anulação do outro" e que, em essência, constitui a vida inteira do personagem Rubião, que morre desagregado e crendo ser Napoleão.
ellauri090.html on line 202: Os críticos notam que na segunda metade do século XIX os intelectuais brasileiros interessavam-se com o "surgimento de novas ideias" como o já citado positivismo de Comte e o evolucionismo social de Spencer. Ao que tudo indica, Machado não compartilhava deste interesse e escreveu seus romances com ceticismo (skeptisesti) a estas escolas filosóficas e políticas. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, por exemplo, um importante aspecto do pessimismo de Brás Cubas é sua visão de que os valores são arbitrários.
ellauri090.html on line 204: Os críticos concordam que o ceticismo em Dom Casmurro surge na expressão da afasia pirrônica (ausência de afirmação ou de negação).
ellauri090.html on line 234: Um de seus amigos, Faustino Xavier de Novaes (1820–1869), poeta residente em Petrópolis, e jornalista da revista O Futuro, estava mantendo sua irmã, a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais, desde 1866 em sua casa, quando ela chegou ao Rio de Janeiro do Porto. Segundo os biógrafos, veio a fim de cuidar de seu irmão que estava enfermo, enquanto outros dizem que foi para esquecer uma frustração amorosa. Carolina despertara a atenção de muitos cariocas; muitos homens que a conheciam achavam-na atraente, e extremamente simpática. Com o poeta, jornalista e dramaturgo Machado de Assis não fora diferente. Tão logo conhecera a irmã do amigo, logo apaixonou-se. Até essa data o único livro publicado de Machado era o poético Crisálidas (Koteloita, 1864) e também havia escrito a peça Hoje Avental, Amanhã Luva (1860), ambos sem muita repercussão. Carolina era cinco anos mais velha que ele; deveria ter uns trinta e dois anos na época do noivado.
ellauri090.html on line 257: Que vales tu, desilusão dos homens? Ihmisten pettymys, missä on sun okasi?
ellauri090.html on line 266: A última ilusão cair, bem como putoo viimeinenkin harhakuva, kuin
ellauri090.html on line 280: Estava apaixonado por sua "Carola", apelido dado pelo marido. Entusiasmava a esposa com cartas românticas e que previam o destino dos dois; durante o noivado, em 2 de março de 1869, Machado havia escrito uma carta íntima que dizia: "...depois, querida, ganharemos o mundo, porque só é verdadeiramente senhor do mundo quem está acima das suas glórias fofas e das suas ambições estéreis." Suas cartas endereçadas a Carolina são todas assinadas como "Machadinho"
ellauri090.html on line 301: Seus dois primeiros livros de estreia, Crisálidas (1864) e Falenas (1870), são poéticos. Vinte e dois poemas, escritos entre 1858 e 64, compunham este primeiro livro. Há nestes poemas todos uma emoção "menos desbordante" que o comum lirismo da literatura brasileira. As Crisálidas eram inspiradas pelo higor por intensas emoções amorosas ou pelo belo do feminino.
ellauri090.html on line 325: Os acadêmicos notam cinco fundamentais enquadramentos em seus textos: "elementos clássicos" (equilíbrio, concisão, contenção lírica e expressional), "resíduos românticos" (narrativas convencionais ao enredo), "aproximações realistas" (atitude crítica, objetividade, temas contemporâneos), "procedimentos impressionistas" (recriação do passado através da memória), e "antecipações modernas" (o elíptico e o alusivo engajados à um tema que permite diversas leituras e interpretações).
ellauri090.html on line 329: A frase machadiana é simples, sem enfeites. Os períodos em geral são curtos, as palavras muito bem escolhidas e não há vocabulário difícil (alguma dificuldade que pode ter um leitor de hoje se deve ao fato de que certas palavras caíram em desuso). Mas com esses recursos limitados Machado consegue um estilo de extraordinária expressividade, com um fraseado de agilidade incomparável.
ellauri090.html on line 331: Uma das maiores características da prosa de Machado de Assis é a forma contraditória de apreensão do mundo. Machado em geral apanha o fato em suas versões antagônicas, e isso lhe dá um caráter dilemático. É também uma forma superior e mais completa de ver as coisas. Machado tem os olhos voltados para as contradições do mundo.
ellauri090.html on line 345: "Fiquei tão entusiasmado com a facilidade mental do meu amigo, que não pude deixar de abraçá-lo. Era no pátio; outros seminaristas notaram a nossa efusão; um padre que estava com eles não gostou." (DC, p.824.)
ellauri090.html on line 350: Suas mulheres são "capazes de conduzir a ação, apesar do predomínio da trama romanesca não ter se esvaziado." As personagens femininas de Machado de Assis, ao contrário das mulheres de outros românticos — que faziam a heroína dependente de outras figuras e indisposta à ação principal na narrativa — são extremamente objetivas e possuem força de caráter.
ellauri090.html on line 375: são pensamentos idos e vividos. on ne elettyjä ja ize koettuja.
xxx/ellauri125.html on line 134: O autor do romance, Vladi Nabokov, homem circunspecto, deixa a impressão de que é uma incógnita. Na verdade, não é. Ele escreveu sobre si, em “Fala, Memória” (Alfaguara, 328 páginas, tradução de José Rubens Siqueira), e há a estupenda biografia escrita pelo irlandês Brian Boyd (PhD em literatura pela Universidade de Toronto), publicada em dois volumes, “Vladimir Nabokov — Os Anos Russos” (Anagrama, 626 páginas, tradução de Jordi Beltran) e “Vladimir Nabokov — Os Anos Americanos” (Anagrama, 966 páginas, tradução de Daniel Najmías). Não há tradução brasileira. “Véra. Señora de Nabokov” (Alianza Editorial, 744 páginas, tradução de Miguel Martínez), de Stacy Schiff, é uma magnífica biografia de Véra Nabokov, a mulher do autor de “Fogo Pálido”. Trata-se, por sinal, de uma biografia indireta de Vladimir Nabokov. Ganhou o reputado prêmio Pulitzer.
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