ellauri090.html on line 306: Os romances machadianos tratam frequentemente da escravidão sob o ponto de vista cínico do senhor de escravos, sempre criticando-o de forma oblíqua. Sobre a escravidão, Machado de Assis já havia tido uma experiência familiar, quer por seus avós paternos terem sido escravos, quer porque lia os jornais com anúncios de escravos fugitivos. Em seu tempo, a literatura que denunciava crenças etnocêntricas que posicionavam os negros no último grau da escala social era distorcida ou tolhida, de modo que este tema encontra uma grande expressividade na obra do autor.
xxx/ellauri125.html on line 132: “Sally era morena, praticamente da mesma idade de Lolita, e também filha de mãe viúva e chantageada com uma ameaça de internamento numa escola correcional. Seu sequestro seguiu o mesmo modus operandi que Nabokov desenvolve em seu romance. Weinman encontrou anotações e recortes de jornais sobre o caso nos arquivos do escritor, até mesmo um registro da morte de Sally, em agosto de 1952”, assinala Sérgio Augusto. “Há claras — e, às vezes, diretas — referências ao drama de Sally e a La Salle em ‘Lolita’. No capítulo final, atormentado pela culpa, Humbert-Humbert se compara a La Salle e confessa sua desconfiança de que também possa ser condenado a 35 anos por estupro.”
xxx/ellauri125.html on line 136: O livro “The Real Lolita”, de Sarah Weinman, resgata a história de duas pessoas cuja história teria colaborado para a formatação do romance “Lolita”, de Vladimir Nabokov. Brian Boyd relata que Vladimir Nabokov leu “notícias sobre acidentes publicadas em jornais, sobre crimes sexuais e assassinatos: ‘um violador de meia idade’ que raptou Sally Horner, uma garota de 15 anos de Nova Jersey, e a manteve em seu poder durante 21 meses, levando-a como ‘escrava’ por todo o país até que a encontraram em um motel do sul da Califórnia”. O nome do homem não é citado. Por que a quase nenhuma importância dada ao caso? Porque, como mostra o biógrafo, o romance de Vladimir Nabokov vai muito além da história de Sally Horner e de seu raptador. Reduzi-lo a isto é reduzir a importância de sua literatura (que nada tem de jornalismo).
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